Centros de fisioterapia mudam modelo no Brasil

Durante algum tempo, o São Paulo foi o grande exemplo do Brasil quanto à estrutura de recuperação e tratamento para atletas. Esse modelo foi seguido também por Santos e Cruzeiro. Com a criação de centros de excelência, os três clubes criaram um novo cenário para a atuação da fisioterapia no país.

O São Paulo, que sempre foi um dos grandes centros de tratamento de atletas no Brasil, teve um salto de estrutura em 2003. O clube paulista contratou o fisioterapeuta Luiz Alberto Rosan, que já havia trabalhado na equipe durante a década de 1980, e ele apresentou o projeto de construção do Reffis (Reabilitação Esportiva Fisioterápica e Fisiológica).

Para angariar os US$ 2 milhões necessários para a construção do centro, o São Paulo cedeu espaço para a exposição de marcas como LifeFitness, LG, PC Gol e Chattnooga. O nome foi escolhido por Juvenal Juvêncio, então diretor de futebol da equipe paulista, e a inauguração foi feita no fim de 2003.


Além do investimento inicial, o Reffis consome US$ 1 milhão mensal para sua manutenção (equipamentos e funcionários). Mesmo assim, o espaço tornou-se referência no país para a recuperação de atletas, reunindo em um mesmo local toda a estrutura necessária para a recuperação e a prevenção de lesões.

"O mais importante é realizar um trabalho em ritmo intensivo. Em casos de lesões severas, os atletas lesionados já ficam no hotel do centro de treinamentos, que oferece todo o respaldo necessário. Além disso, eles passam por sessões de treinos de manhã e à tarde", contou Rosan, que é gerente de fisioterapia desportiva do São Paulo.

O sucesso do Reffis com a recuperação de atletas foi tão grande que o centro já gerou dois novos segmentos. O São Paulo criou uma estrutura semelhante em Cotia, onde fica o centro de treinamentos de suas categorias de base, e também oferece trabalhos de fisioterapia a seus sócios por uma taxa "privilegiada". Atualmente, o clube conta com 12 fisioterapeutas, sendo quatro em cada um dos três espaços.

"Conversamos e trocamos informações e experiências praticamente todos os dias. Essas conversas servem para tentarmos harmonizar os protocolos de tratamentos estabelecidos. Mas sempre focando a recuperação no menor tempo possível. Isso é importante até para o atleta conhecer bem os procedimentos e saber cumpri-los quando não está conosco", comentou Rosan.

O acesso à estrutura do Reffis não é limitado aos atletas e sócios do clube. Desde a criação do centro, muitos jogadores utilizaram o espaço para se recuperar de lesões e alguns acabaram até defendendo o São Paulo posteriormente - casos de Luizão, Ricardo Oliveira e Alex Silva. Entre os 23 jogadores que defenderam a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2006, 14 fizeram algum tratamento na estrutura da equipe paulista.

"Isso funcionou também como gerador de receitas. Os contratos de muitos dos nossos parceiros estão se encerrando neste ano, por exemplo. E em vez de corrermos atrás para renovar, são as empresas que nos procuram. Antes de lançar seus equipamentos, muitas pedem o aval dos profissionais do São Paulo", revelou Rosan.

Animado com o sucesso do rival, o Santos inaugurou no início desta temporada o Cepraf (Centro de Excelência em Prevenção e Recuperação de Atletas de Futebol). O projeto foi idealizado pela comissão técnica da equipe alvinegra, que precisou "convencer" o presidente Marcelo Teixeira sobre a viabilidade financeira da nova estrutura.

"Nós precisamos mostrar que todo o investimento teria um retorno. Por isso, formatamos a metodologia de trabalho e colocamos isso em prática. Os primeiros resultados expressivos foram com o Maldonado, que tinha um prazo de afastamento dos gramados de quatro meses e voltou em 35 dias", avaliou Nilton Petrone, conhecido como Filé, fisioterapeuta responsável pelo Cepraf.

O primeiro passo do Cepraf foi criar um protocolo de atuação com os atletas, baseado nos tipos de lesão, no histórico pessoal, na característica do problema e até na idade do jogador. A partir disso, o Santos iniciou uma observação de um ano para estabelecer um formato definitivo.
"Começamos o trabalho em janeiro e ainda não podemos dizer muita coisa. Temos de esperar pelo menos um ano para ver se as nossas estratégias têm fundamento ou não, se é preciso colocar ou retirar alguma coisa", disse Filé.

Contudo, a estrutura interdisciplinar e os equipamentos de última geração fizeram com que o Cepraf não precisasse de muito tempo para se consolidar como um centro requisitado. Tanto é que o clube já começou a ser procurado por atletas que não fazem parte de seu elenco, como o lateral-direito Rogério, que assinou contrato com o Santo André.

Outro clube que investiu na criação de um centro de recuperação de atletas foi o Cruzeiro. Também neste ano, o time mineiro inaugurou o Care (Centro Avançado de Reabilitação Esportiva), que segue a mesma filosofia dos espaços criados anteriormente por São Paulo e Santos.

O projeto foi coordenado pelo fisioterapeuta do Cruzeiro, Charles Oliveira Costa, e fundamentado nos 12 anos de experiência do profissional no futebol. E a principal diretriz dessa iniciativa foi o lado humano do tratamento dos atletas.

"Houve uma coisa muito interessante ultimamente, que foi uma corrida para a compra de equipamentos de alta tecnologia. O problema é que as equipes muitas vezes esquecem o lado humano. Aqui no Cruzeiro, o principal foco é a capacitação dos profissionais. Por isso, constantemente exportamos profissionais para outros países", lembrou Charles.

Desde que o Care foi inaugurado, o Cruzeiro reduziu em 72% o número de lesões em comparação com a mesma época dos últimos três anos. E segundo Charles, o principal motivo disso é a qualidade das pessoas que trabalham no centro.

"Uma das grandes diferenças é que 90% dos profissionais que fazem parte da equipe são professores universitários, e todos eles são mestres em suas áreas de atuação. Entendemos que é fundamental alinhar o conhecimento científico com o prático", concluiu o fisioterapeuta da equipe mineira.

Fonte: http://universidadedofutebol.com.br/2007/08/1,1292,CENTROS+DE+FISIOTERAPIA+MUDAM+MODELO+NO+BRASIL.aspx?p=3

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